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Estudo inédito posiciona o Bom Retiro (SP), como núcleo estratégico da moda no Brasil

Uma pesquisa inédita realizada pelo IEMI – Inteligência de Mercado, a pedido da Abiv, acaba de lançar luz sobre a real dimensão do Bom Retiro dentro do ecossistema da moda brasileira. O estudo, intitulado “Estudo Setorial e Diagnóstico: Desafios e Oportunidades para o Polo da Moda e Confecções do Bom Retiro – SP”, marca um momento histórico: pela primeira vez, o polo de moda passa a ter um mapeamento completo de seu perfil comercial e produtivo, trazendo dados concretos sobre sua importância para a cadeia têxtil nacional. O Censo de Lojas, apresentado na quinta-feira (13), revela números impressionantes — são 780 unidades fabris, 804 pontos de venda, 19,4 mil trabalhadores e uma produção anual de 50,5 milhões de peças, movimentando R$ 5,3 bilhões.

Os dados mostram um polo em plena expansão: enquanto o mercado nacional de moda deve crescer até 3% neste ano, o Bom Retiro avançou 9% em produção. O resultado não é por acaso, é consequência direta de uma engrenagem construída sobre velocidade, pronta entrega e capacidade de interpretar o comportamento do consumidor em tempo real. O estudo sustenta uma tese crucial para o setor têxtil: quando a moda é tratada como um sistema estratégico, ela se torna mais competitiva, eficiente e capaz de escalar acima da média.

Parte dessa força vem da combinação entre densidade econômica, inteligência territorial e dinamismo produtivo. O Bom Retiro se consolida como um dos epicentros mais relevantes da moda brasileira, onde o Brasil inteiro compra, abastece, pesquisa e aprende. O território entrega um produto que une qualidade, tendência global e leitura afiada do desejo brasileiro — muitas vezes antes mesmo de o consumidor verbalizá-lo. Segundo o levantamento, 74% das empresas utilizam matérias-primas de qualidade, 55% investem em designers e modelagem, e 28% trabalham com estampas atualizadas, mostrando que o valor agregado não está apenas na rapidez, mas no cuidado estético e técnico.

Apesar de sua potência, o estudo aponta que ainda há amplo espaço para evolução. Somente 2% das empresas investem em branding e comunicação, 4% qualificam sua equipe com cursos especializados e apenas 1% declara preocupação ativa com sustentabilidade. Em contrapartida, o levantamento alerta: sustentabilidade deixará de ser escolha e se tornará lei em poucos anos. Rever misturas de tecidos, adaptar processos e investir em eficiência ambiental não será apenas uma pauta ética, mas uma exigência regulatória, e quem iniciar essa transição agora largará na frente em custo, competitividade e reputação.

O diagnóstico final é claro: o Bom Retiro é grande, mas pode ser ainda maior. Há espaço para crescimento em marketing, estratégia, qualificação profissional, sustentabilidade e expansão territorial. Para as marcas que desejam se profissionalizar e construir futuro, o polo não é apenas um lugar — é um movimento. E, com dados tão contundentes, fica evidente que a moda que cresce no Brasil é aquela que transforma informação em inteligência e estratégia em vantagem competitiva.

Fonte: Ana Gimonski | guiajeanswear/Foto: Divulgação

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